Tomamos como certas as regras que usamos para medir o tempo, mas a história por trás delas é longa e complexa.
Ao longo da história, os seres humanos dividiram o tempo em unidades para compreendê-lo melhor. Diferentes culturas fizeram isso de formas distintas, mas, atualmente, é comum dividir o tempo em segundos, minutos, horas, dias, semanas e anos.
Então, quantas semanas há em um ano? Normalmente, um ano tem 52 semanas e um dia adicional. Em anos bissextos, que ocorrem aproximadamente a cada quatro anos, há 52 semanas e dois dias extras.
Quando decidimos que um ano tem 52 semanas?
A história das regras de medição do tempo é bastante complicada. Métodos primitivos de contagem do tempo remontam a cerca de 11.000 anos atrás. Por exemplo, uma estrutura de pedras construída pelos aborígenes australianos sugere que eles usavam os padrões do sol para acompanhar a passagem do tempo.
“O principal motivo para manter o controle do tempo provavelmente era religioso“, explicou Demetrios Matsakis, ex-cientista-chefe do Departamento de Serviços de Tempo do Observatório Naval dos Estados Unidos. “Egípcios, sumérios e outros precisavam recitar certas orações em horários específicos, tanto de dia quanto de noite.“
Ao longo dos séculos, as culturas usaram tanto as posições do sol quanto da lua para registrar o passar do tempo. Alguns calendários se basearam apenas no sol ou na lua, enquanto outros tentaram combinar os dois.
“O sol é uma referência muito melhor [para calcular o tempo] porque a órbita da lua é bastante irregular devido à interação entre os campos gravitacionais da Terra e do sol“, disse Matsakis.
O calendário gregoriano, amplamente utilizado no mundo, é um calendário solar baseado exclusivamente no movimento da Terra em torno do sol. Ele é derivado do calendário instituído por Júlio César em 46 a.C. O calendário juliano calculava o ano como tendo 365,25 dias, adicionando um dia extra a cada quatro anos. Porém, o ano tem, na verdade, 365,2422 dias, e essa diferença acumulava erros com o tempo.
No século XVII, percebeu-se que, devido a essa discrepância, o calendário havia acumulado cerca de 10 dias extras. Isso preocupava a Igreja Católica, que desejava um calendário preciso para calcular as datas das celebrações religiosas.
“Com o passar dos séculos, essa diferença se acumulou, e o Papa Gregório XIII ficou preocupado porque a Páscoa estava sendo celebrada na época errada“, explicou Matsakis. Como várias outras festas dependiam da data da Páscoa, isso criava mais complicações.
Para corrigir o problema, o papa determinou que anos centenários não seriam anos bissextos, exceto aqueles divisíveis por 400. Além disso, em 1582, decretou que o dia 4 de outubro seria seguido pelo dia 15 de outubro, eliminando os dias extras acumulados pelo calendário juliano.
Embora alguns países tenham adotado rapidamente o novo calendário, outros resistiram. A Inglaterra, por exemplo, rejeitou a mudança devido a conflitos religiosos, já que era protestante e não aceitava editos da Igreja Católica. O Reino Unido só adotou o calendário gregoriano em 1752. Outros países, como a China, usavam calendários lunares e só introduziram o sistema gregoriano em 1912, com sua aplicação mais ampla ocorrendo apenas em 1929.
Por causa dessas diferenças, documentos criados logo após o decreto papal frequentemente indicavam tanto as datas do “estilo antigo” (calendário juliano) quanto as do “estilo novo” (calendário gregoriano) para evitar confusões.
Mais tarde, o calendário foi ainda mais refinado. “Em 1923, por recomendação do astrônomo sérvio Milutin Milanković, o sistema de anos bissextos foi novamente ajustado“, afirmou Matsakis.
Nesse novo modelo, anos divisíveis por 100 não seriam bissextos, exceto aqueles que deixassem restos de 200 ou 600 ao serem divididos por 900. O calendário Milanković estará alinhado com o gregoriano até o ano 2800, mas, apesar de sua maior precisão, foi adotado apenas por algumas igrejas ortodoxas orientais.
Com informações da livescience
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