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A Misteriosa Ilha Das Cobras

Um local distante, aproximadamente 35 Km do litoral de São Paulo, entre as cidades de Peruíbe e Itanhaém, está situada a misteriosa e uma das mais perigosas ilhas do mundo, a Ilha das Cobras, oficialmente conhecida como Ilha da Queimada Grande.

A Ilha foi descoberta em 1532 pela expedição do colonizador português Martim Afonso de Souza. Uma das primeiras ações desse grupo foi atear fogo na ilha, costume que na época era para evitar a má sorte. E nesse sentido deu origem ao nome de “Queimada Grande”.

O perigo na Ilha das Cobras

O local é tão perigoso que o governo brasileiro proibiu o acesso de pessoas comuns sem a prévia autorização da Marinha. O perigo na ilha vem das jararacas-ilhoa (Bothrops insularis), uma cobra venenosa e uma das mais perigosas do mundo.

As jararacas-ilhoa são tão venenosas que chega a ser até 05 vezes mais forte que o da jararaca comum, chegando a causar na pessoa mordida a falência múltipla de órgãos em uma hora se um antídoto for tomado rapidamente.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio estima-se que existam entre 2.000 e 4.000 exemplares desta serpente na ilha, com até um metro e meio de comprimento, um número bastante significativo se comparado ao tamanho do território da ilha é de 430.000 metros quadrados.

A Ilha da Queimada Grande tem a segunda maior população de cobras do mundo: são 45 espécies por hectare, perdendo somente para a Ilha de Shedao, localizada na China.

Uma ilha de acesso restrito

Como não era possível conter a proliferação de jararacas e a ilha não possui praias ou infraestrutura para acesso de embarcações, somente os biólogos do Instituto Butantan passaram a frequentar a ilha a fim de realizar pesquisas, desde 1984.

Aliás, para entrar na ilha não é preciso apenas a prévia autorização da Marinha do Brasil, mais como também ter a presença de um médico entre os visitantes.

Os militares da Marinha só vão à ilha uma vez por ano para realizar reparos em um farol automatizado que existe no meio da ilha desde a década de 1920, data em que as autoridades proibiram o acesso à ilha.

No ano de 2010, o site Listverse elegeu a Ilha da Cobras como o lugar mais perigoso do mundo, estando a frente de Chernobyl (onde ocorreu acidente nuclear em 1986) e a “Estrada da Morte”, na Colômbia.

A evolução das espécies na Ilha

Estudos afirmam que as cobras habitam a ilha há cerca de 11.000 anos, desde a Idade do Gelo. Na época, a ilha era apenas uma montanha que acabou se separando do continente devido ao aumento do nível do mar. Isso favoreceu que algumas espécies permanecessem encalhadas na ilha, como essas serpentes.

Elas então se adaptaram às novas condições desenvolvendo muito suas habilidades de ataque. O isolamento e a geografia da ilha contribuíram lentamente para a seleção das características mais favoráveis ​​ao meio ambiente, criando uma espécie diferente da jararaca comum.

A cobra não possuem predadores naturais e pode sobreviver por até seis meses sem comer. Eles geralmente atacam os desavisados ​​que ficam nas copas das árvores, pois nem sempre há presas no chão. Curiosamente, essas cobras não atacam pássaros nativos da ilha.

Uma outra particularidade dessa espécie é que essas jararacas não colocam ovos, elas geram os filhotes de maneira parecido aos mamíferos. A gestação tem um período estimado de 120 a 150 dias e é capaz de originar até dez filhotes de uma vez. O período de procriação sempre ocorre no período mais quente do ano, entre os meses de julho e setembro.

Entretanto, diferente dos mamíferos, a principal refeição das pequenas serpentes recém-nascidas são os lagartos, anfíbios e artrópodes.

Curiosamente, a jararaca-ilhoa está na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, e um dos motivos é a biopirataria associado ao alto valor no mercado negro.

A conservação da Ilha das Cobras

No entanto, de acordo com o ICMbio, instituição responsável pela conservação da área, as pesquisas realizadas na ilha são feitas por alunos da Universidade Federal do Brasil e do Instituto Butantan.

Esses estudos têm como foco principal a preservação das serpentes e do ecossistema em que vivem. Os pesquisadores se arriscam ao recolher amostras da flora exótica, na tentativa de restaurar a flora nativa da ilha, através de um delicado esforço de reflorestamento.

As lendas mais famosas da Ilha

Apesar de tudo, a Ilha das Cobras possui várias lendas. Uma é que os piratas colocaram a cobra lá para proteger um tesouro escondido.

Outra, é que no faroleiro morava uma família que foi atacada pelas cobras, no entanto, não há registros que confirmem essa história. Na época, os moradores que habitavam a ilha perderam alguns animais, como cães e galinhas. Para evitar um acidente ainda maior, todos foram retirados da ilha.

Fonte: EM BBC Aventuras na História  Wikipedia  InfoEscola
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