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Texugo-do-mel: Adoráveis, mas ferozes pequenos mamíferos

Os texugos-do-mel têm uma merecida reputação de serem pequenos mamíferos ferozes e combativos. Também conhecidos como ratel, eles pertencem à família Mustelidae, que inclui doninhas, lontras, furões, carcajus e outros tipos de texugo. No entanto, o texugo-do-mel é classificado em sua própria subfamília, Mellivorinae, sendo a única espécie do gênero Mellivora, segundo a Enciclopédia Britânica.

O que são os texugos-do-mel?

O texugo-do-mel (Mellivora capensis) tem o tamanho comparável a um cachorro pequeno ou médio, pesando entre 6 e 14 kg e alcançando 23 a 28 cm de altura no ombro, conforme a National Geographic. Apesar de seu tamanho compacto, esses animais são muito poderosos — construídos para lutar e não para correr. Eles possuem garras de 4 cm e dentes fortes o suficiente para quebrar a carapaça de uma tartaruga, tornando-os adversários temíveis.

Os texugos-do-mel são robustos e possuem uma pelagem curta e grossa, preta no rosto, pernas e na parte inferior do corpo, com uma larga faixa branca que vai da cabeça até a cauda. Abaixo dessa pelagem, há uma camada de pele solta e grossa ao redor do pescoço musculoso, que protege o animal durante lutas e permite que ele se mova para se defender quando capturado por predadores, de acordo com a África Geographic. Espinhos de porco-espinho, picadas de abelhas e mordidas de cachorro raramente perfuram essa pele grossa, segundo o livro “Walker’s Carnivores of the World” de Ronald Nowak (2005).

Texugos-do-mel têm cérebros relativamente grandes em comparação com o corpo. Eles estão entre as poucas espécies não primatas que utilizam ferramentas — um sinal de inteligência no reino animal. Em cativeiro, esses animais foram observados trabalhando juntos para destrancar portões e utilizando pedras, ancinhos, lama e gravetos para escapar, conforme um documentário da BBC.

Alimentação dos texugos-do-mel

Os texugos-do-mel são onívoros, consumindo uma ampla variedade de alimentos, como aves, répteis, roedores, frutas e raízes. Sua capacidade de farejar ajuda a encontrar alimentos escondidos no subsolo, e suas garras fortes ajudam a cavar ou capturar o alimento, que depois é rasgado em pedaços. Eles são oportunistas e não são exigentes; já foram vistos três texugos-do-mel afugentando sete leões adultos para roubar sua caça, segundo o documentário da BBC.

Esses pequenos mamíferos são caçadores persistentes e podem percorrer até 32 km em busca de uma refeição. Apesar do nome, o interesse dos texugos-do-mel está mais nas larvas de abelha encontradas no mel do que no próprio mel em si. Eles são tão atraídos por essas larvas que suportam centenas de picadas de abelhas para conseguir a comida. No entanto, nem todas as invasões são bem-sucedidas — alguns texugos já foram encontrados mortos por picadas em colmeias, segundo a National Geographic.

Os texugos-do-mel são predadores destemidos e atacam até escorpiões e cobras venenosas. Contudo, esses animais lutam de volta, e os texugos podem ser picados ou mordidos, como pela altamente venenosa cobra-coral-do-cabo (Naja nivea), cujo veneno pode temporariamente derrubar o texugo. Entretanto, após algumas horas, ele desperta e continua sua refeição (se a presa ainda estiver lá).

As cobras, incluindo as venenosas, são uma “excelente fonte de carne” para os texugos, compondo até 25% de sua dieta, segundo Danielle Drabeck, bióloga evolutiva da Universidade de Minnesota, em entrevista à Slate Magazine. Para se alimentar de cobras venenosas, os texugos evoluíram uma imunidade especial aos venenos. Em um estudo de 2015 publicado no Toxicon, Drabeck e seus colegas descobriram que os texugos desenvolveram mutações genéticas que impedem que as toxinas do veneno se liguem aos receptores celulares que sinalizariam o colapso do sistema nervoso.

Onde vivem os texugos-do-mel?

Os texugos-do-mel são nativos da África subsaariana, do Oriente Médio e da Índia. Essas criaturas resistentes se adaptam bem a diversos habitats, podendo viver tanto em florestas tropicais quanto em montanhas. Normalmente, possuem territórios amplos, cerca de 500 km², segundo a National Geographic.

Eles são territoriais e usam glândulas de cheiro para marcar suas áreas. Machos têm territórios maiores que fêmeas, e seus territórios podem se sobrepor ao das fêmeas, conforme o Instituto Sul-Africano de Biodiversidade Nacional.

Os texugos-do-mel não costumam dormir no mesmo lugar todas as noites; em vez disso, fazem uma nova cama em árvores, fendas de rochas ou tocas cavadas no chão. Esses animais são excelentes escavadores e conseguem criar uma toca em solo duro em apenas 10 minutos. Também são conhecidos por ocupar tocas abandonadas de aardvarks ou mangustos. Eles dormem boa parte do dia, procurando locais seguros contra predadores. Embora sejam principalmente noturnos, podem sair durante o dia dependendo do clima e da presença de predadores, de acordo com a África Geographic.

Reprodução dos texugos-do-mel

Os texugos-do-mel se reproduzem ao longo do ano, e a fêmea normalmente dá à luz um filhote cerca de 7 a 10 semanas após o acasalamento. Os filhotes, chamados de kits, nascem com os olhos fechados, sem pelos e com pele rosada. Demora cerca de um mês para desenvolver a pelagem cinza e a característica faixa branca nas costas, segundo o Zoológico de San Diego. Os olhos dos filhotes abrem por volta de dois meses, de acordo com a Fundação Norte-Africana de Grandes Carnívoros.

Os filhotes atingem o tamanho adulto por volta dos 6 meses de idade, mas permanecem com a mãe por até dois anos, período em que aprendem a cavar, caçar e subir em árvores — habilidades essenciais antes de se tornarem independentes.

Futuro dos texugos-do-mel

A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica os texugos-do-mel como uma espécie de menor preocupação, o que significa que suas populações são estáveis na maioria dos habitats nativos. Contudo, algumas populações estão diminuindo a ponto de serem consideradas ameaçadas em certas regiões. Em países como Marrocos, Israel e Cazaquistão, esses animais são protegidos por lei para prevenir o declínio populacional, segundo a UICN.

Embora sejam capazes de enfrentar cobras venenosas e leões, os texugos-do-mel não têm a mesma vantagem contra os seres humanos. Em alguns lugares, como Zâmbia e Guiné, são caçados como fonte de alimento ou usados em práticas medicinais tradicionais, acreditando-se que sua coragem e tenacidade possam ser transferidas para as pessoas, segundo a UICN.

Com a expansão humana em áreas selvagens, os conflitos entre texugos-do-mel e pessoas têm aumentado, especialmente quando os animais matam gado ou destroem colmeias. Isso leva fazendeiros e apicultores a matá-los para proteger seus meios de subsistência, muitas vezes envenenando os texugos em retaliação. Além disso, por serem necrófagos, os texugos são muitas vezes vítimas de programas de envenenamento e armadilhas destinados a outras pragas.

Desde 2002, iniciativas de conservação têm incentivado a produção de “mel amigo dos texugos”, que é produzido por apicultores que usam métodos não letais para proteger suas colmeias. Por exemplo, recomenda-se que as colmeias sejam colocadas em suportes a 1 metro acima do solo e longe de estruturas que o texugo possa escalar, pois esses animais não conseguem saltar ou alcançar essa altura, uma estratégia eficaz para proteger as colmeias, os texugos e o sustento dos apicultores.

Fonte: livescience

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