Leonardo da Vinci é frequentemente creditado por inventar a tesoura—ele a utilizava para cortar telas—porém, essa ferramenta doméstica existe há muitos séculos antes de sua época. Atualmente, é difícil encontrar uma casa que não tenha pelo menos um par de tesouras.
Tesouras Antigas
Os antigos egípcios já utilizavam uma versão de tesouras por volta de 1500 a.C. Elas eram feitas de uma única peça de metal, geralmente bronze, moldada em duas lâminas controladas por uma tira de metal. Essa tira mantinha as lâminas separadas até que fossem pressionadas. Cada lâmina era chamada de “scissor” em inglês, enquanto as duas juntas eram conhecidas como “scissors”, conforme a tradição popular. Através do comércio e da expansão cultural, o instrumento se espalhou além do Egito para outras partes do mundo.
Os romanos adaptaram o design egípcio por volta de 100 d.C., criando uma versão de tesoura com lâminas cruzadas, mais parecida com o que usamos hoje. Eles também usavam bronze, mas às vezes fabricavam suas tesouras de ferro. A tesoura romana tinha duas lâminas que se deslizavam uma contra a outra, com um pivô localizado entre a ponta e os cabos, criando um efeito de corte ao aplicar pressão. Tanto as versões egípcia quanto a romana precisavam ser afiadas com regularidade.
A Tesoura no Século XVIII
Embora seja difícil identificar o inventor exato da tesoura, Robert Hinchliffe, de Sheffield, na Inglaterra, é reconhecido como o “pai” da tesoura moderna. Em 1761, ele foi o primeiro a usar aço para fabricá-las e produzi-las em massa—mais de 200 anos após a morte de da Vinci.
As tesouras de picotar foram inventadas e patenteadas em 1893 por Louise Austin, de Whatcom, Washington. Na solicitação de sua patente, concedida em 1º de janeiro de 1893, Austin escreveu:
“Com as minhas tesouras ou tesouras de picotar aprimoradas, é possível realizar o picote ou o recorte de maneira uniforme e alinhada, cortando continuamente o tecido de ponta a ponta ou de borda a borda; assim, o trabalho é feito de forma muito rápida e, onde o tecido é cortado, duas bordas recortadas são produzidas em uma única operação.”
Tesouras na Literatura
A tesoura foi mencionada em várias publicações ao longo dos anos. No artigo “Emar, Capital of Aštata in the Fourteenth Century BCE,” publicado na revista The Biblical Archaeologist em 1995, os autores Jean-Claude Margueron e Veronica Boutte escreveram:
“Além de cerâmicas, ocasionalmente encontradas em grandes quantidades, as casas produziam objetos de pedra e metal que ilustravam tanto as necessidades diárias quanto as atividades dos comerciantes da cidade: filtros de cerveja, recipientes, pontas de flechas e dardos, escamas de armaduras, agulhas e tesouras, longos pregos, raspadores de bronze, mós, almofarizes, diferentes tipos de pedras de amolar, pilões, diversas ferramentas e anéis de pedra.”
Em um livro inteiro dedicado à história desse instrumento, chamado “A Story of Shears and Scissors: 1848–1948,” o autor Don Wiss descreveu a evolução da ferramenta:
“Tesouras de bronze egípcias do século III a.C., um objeto único de arte. Apresentando influência grega, embora com decorações características da cultura do Nilo, as tesouras são um exemplo do alto grau de habilidade artesanal que se desenvolveu após a conquista do Egito por Alexandre. Figuras decorativas masculinas e femininas, que se complementam em cada lâmina, são formadas por peças sólidas de metal de cor diferente incrustadas nas tesouras de bronze. Sir Flinders Petrie atribui o desenvolvimento de tesouras de lâminas cruzadas ao primeiro século. No século V, o escriba Isidoro de Sevilha descreve essas tesouras com um pivô central como ferramentas de barbeiros e alfaiates.”
Folclore e Superstições
Muitas mães grávidas já colocaram um par de tesouras sob o travesseiro durante o último mês de gestação. A superstição diz que isso ajuda a “cortar o cordão” com o bebê e induzir o parto.
E há ainda outra história popular: não entregue tesouras diretamente para o seu melhor amigo. Coloque-as sobre uma superfície e deixe que ele as pegue sozinho; do contrário, você corre o risco de “cortar” a amizade. Além disso, diz-se que as tesouras deixadas em uma gaveta podem afastar maus espíritos da sua casa. Para isso, pendure-as pelo cabo perto da porta, formando uma espécie de cruz.
Fonte: thoughtco
