Cientistas identificaram um peixe fossilizado que pode deter o recorde de mandíbula inferior mais longa da história natural. O estudo recente revelou que essa espécie, batizada de Alienacanthus, possuía uma impressionante projeção da mandíbula inferior, utilizada possivelmente para capturar presas de maneira eficiente.
O primeiro fóssil deste peixe foi encontrado na Polônia, em 1957. Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que o animal possuía longos espinhos nas nadadeiras, o que inspirou seu nome. No entanto, uma nova análise revelou que essas estruturas eram, na verdade, uma mandíbula inferior extremamente alongada e repleta de dentes.
Contexto Histórico e Distribuição Geográfica
O Alienacanthus viveu durante o Período Devoniano, entre 419 milhões e 358,9 milhões de anos atrás. Naquela época, a Terra era dominada por dois grandes supercontinentes e os mares estavam repletos de diversas formas de vida primitivas.
Desde a descoberta inicial, diversos fósseis desse peixe foram encontrados nas montanhas do centro da Polônia e em Marrocos. Esses locais estavam em extremos opostos de um supercontinente no Devoniano, sugerindo que essa espécie tinha capacidade de migração oceânica, mesmo diante das mudanças no nível do mar.
Estrutura Óssea e Mecânica da Mandíbula
Os pesquisadores analisaram dois crânios quase completos, encontrados na cadeia de montanhas Anti-Atlas, em Marrocos. O estudo confirmou que a estrutura proeminente desse peixe era sua mandíbula inferior, a qual tinha o dobro do tamanho do crânio.
O Alienacanthus pertence ao grupo dos placodermos, peixes primitivos com couraça óssea e que incluem alguns dos primeiros vertebrados com mandíbulas. Contudo, diferentemente de outros placodermos, este peixe tinha uma peculiaridade: sua mandíbula superior podia se mover ligeiramente de forma independente do crânio, permitindo que a estrutura suportasse sua mandíbula inferior descomunal.
Como o Alienacanthus Caçava?
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Para entender a função dessa mandíbula anormal, os cientistas compararam o Alienacanthus com espécies modernas que possuem mandíbulas desproporcionais, como o peixe-agulha. Três principais hipóteses foram levantadas:
- Captura de presas vivas – A longa mandíbula inferior poderia ter sido usada para criar uma armadilha, impossibilitando a fuga da presa.
- Confundir ou ferir presas – Uma técnica possivelmente utilizada para caçar ao golpear outros peixes.
- Filtragem do solo oceânico – A mandíbula poderia ter sido usada para escavar o fundo do mar em busca de pequenos organismos.
A hipótese mais convincente é a primeira, pois os dentes apontavam para trás, impedindo que a presa escapasse após ser capturada.
O Maior Submordedor da História?
O principal concorrente moderno para o título de “maior submordida do mundo” é o peixe meio-bico (família Hemiramphidae), que possui uma mandíbula inferior alongada, embora em proporções bem menores do que as do Alienacanthus.
Durante o Devoniano, houve uma grande diversificação na forma e proporção das mandíbulas entre os peixes. Um exemplo disso é o Titanichthys, uma espécie com mandíbulas em forma de vara gigantes, usadas para filtrar a água e capturar plâncton.
O Futuro das Pesquisas
Agora que o erro inicial sobre a suposta nadadeira espinhosa foi esclarecido, os cientistas estão aprofundando os estudos sobre o mecanismo da mandíbula do Alienacanthus. Além disso, novas pesquisas estão sendo feitas para entender como era o restante do corpo desse peixe misterioso.
Com essas descobertas, os paleontólogos estão ampliando o conhecimento sobre a evolução dos primeiros vertebrados com mandíbula, trazendo mais peças para o quebra-cabeça da história da vida na Terra.
Com informações da livescience
Imagens Pixabay