Numa área próxima das colinas que rodeiam Shenyang, uma cidade industrial no nordeste da China com uma população de 9 milhões de habitantes, encontra-se uma espécie de conjunto urbano composto por 250 mansões luxuosas abandonadas construídas no estilo europeu. Aparentemente, este local lembra algo saído de um filme de terror, mas na verdade é uma representação da rápida expansão do setor imobiliário que ocorria no ano de 2010.

A construção deste complexo foi levada a cabo pela imobiliária Greenland Group, que adquiriu vastas extensões de terra por toda a cidade para erigir as chamadas Mansões de Hóspedes do Estado. O propósito destas mansões era servir de refúgio para indivíduos ricos e influentes da região. As casas deveriam ser verdadeiros símbolos de ostentação, com pisos de mármore e cintilantes lustres. Contudo, a construção foi misteriosamente interrompida em meados de 2018, sem uma explicação clara até agora.

Residente Local Aponta para Motivos da Interrupção

Um residente local chamado Guo informou à AFP News a sua suspeita de que a interrupção da construção poderia estar ligada à corrupção no setor público. A propriedade está agora protegida por uma alta cerca de metal e os agricultores locais começaram a cultivar terrenos que estavam destinados a serem jardins luxuosos para a elite.

Apesar das tentativas, o jornal francês não conseguiu estabelecer contato com um escritório regional da Greenland Group. Os agricultores locais adaptaram as terras abandonadas para a sua subsistência, construindo galinheiros e armazenando feno.

Desaceleração Imobiliária: Reflexos das Mudanças Políticas na China

De acordo com relatos da região, o governo chinês reduziu o financiamento inicial, o que resultou na desaceleração do boom imobiliário que surgiu em 2010. Sob a liderança do Presidente Xi Jinping, o Partido Comunista iniciou uma campanha contra a corrupção e o excesso de riqueza, o que influenciou a aversão à ostentação. Como resultado, muitos projetos, incluindo as Mansões de Hóspedes do Estado, foram abandonados devido a dívidas acumuladas pelos promotores imobiliários após restrições de empréstimos impostas em 2020.

Embora não haja um número exato, estudos indicam que cerca de 4% dos projetos habitacionais na China estavam apenas parcialmente concluídos até junho de 2022, totalizando cerca de 231 milhões de metros quadrados de propriedades disponíveis para venda.

Isso resultou no surgimento de cidades fantasmas, como Shenyang, que não só se tornaram mais comuns no cenário urbano chinês, mas também despertaram interesse. As paredes das Mansões Luxuosas abandonadas e inacabadas são testemunho de visitantes curiosos e grafites que demonstram uma mistura de fascinação e vandalismo.

A presença crescente de vândalos nestas áreas representa um desafio significativo para as autoridades locais, acrescentando uma dimensão adicional a esta peculiar situação urbana na China.

Fontes: Oddity Central, Business Insider, NY Post, France24