Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, descobriram que as baleias cachalote podem possuir um sistema de comunicação semelhante à linguagem humana. A equipe identificou um “alfabeto fonético” nas vocalizações da espécie Physeter macrocephalus.
Em um estudo publicado na revista Nature Communications em 7 de maio, os cientistas afirmam que a comunicação desses animais, que possuem o maior cérebro do reino animal, é mais elaborada do que se pensava anteriormente. Utilizando sensores e dispositivos de gravação, monitoraram um grupo de 400 cachalotes no Mar do Caribe entre 2005 e 2018.
Os dados coletados foram analisados com ferramentas avançadas de inteligência artificial, possibilitando a identificação de padrões sonoros repetitivos nas “vozes” de pelo menos 60 indivíduos do grupo. A equipe observou diferenças em relação a estudos anteriores, revelando novos elementos nas interações entre as baleias.
A comunicação entre as cachalotes ocorre através de padrões sonoros repetitivos conhecidos como codas, sendo o mais frequente o formato “1+1+3”, onde dois primeiros cliques são seguidos por três cliques mais rápidos. Nesta nova pesquisa, a IA detectou uma quantidade maior de cliques do que as investigações anteriores.
Vasta Diversidade de Vocalizações
Os pesquisadores explicam que o “alfabeto fonético” das cachalotes inclui variações nos cliques, acelerando ou desacelerando o ritmo de cada coda, um fenômeno denominado rubato. Além disso, as baleias podem acrescentar um clique extra ao final das codas, caracterizado como ornamentação.
Combinando livremente ritmo e andamento, de maneira semelhante à terminologia musical, o rubato e a ornamentação constituem um sistema de comunicação capaz de gerar um vasto repertório de vocalizações. Segundo o estudo, essas variações nas conversas das baleias dependem do contexto das interações entre elas.
“Este estudo demonstra que a comunicação das cachalotes possui algumas das mesmas características estruturais dos sistemas de comunicação mais complexos do reino animal. Estamos animados para iniciar pesquisas sobre como esse sistema é utilizado para transmitir significados”, declarou o professor Jacob Andreas do MIT ao site da Iniciativa de Tradução Cetácea (Projeto CETI).
O Que as Cachalotes Estão Dizendo?
Traduzir a linguagem das cachalotes é o próximo desafio para os pesquisadores, após a descoberta de seu alfabeto fonético. Contudo, essa tarefa será complexa, pois envolve compreender o contexto das interações do grupo.
Uma das abordagens é associar as vocalizações a comportamentos específicos, o que pode auxiliar na conservação da espécie. É importante ressaltar que a Physeter macrocephalus ainda está se recuperando da caça realizada nos séculos XIX e XX e enfrenta novas ameaças atualmente.
Com informações da Nature Communications, Smithsonian Magazine, NPR, Projeto CETI