O mês de junho é conhecido por uma das festividades populares mais aguardadas pelos brasileiros: a Festa Junina. Afinal, é bem improvável não ser cativado pelos ritmos hipnotizantes das danças de quadrilha e pelas iguarias feitas de milho e amendoim.
Atualmente muito popular, a festa junina que conhecemos não se parece em nenhum aspecto a sua forma original. Se a tradição está intimamente relacionada ao catolicismo contemporâneo, suas origens remontam às festas pagãs.
A festa junina como a conhecemos hoje só foi idealizado quando a Igreja Católica iniciou o processo de cristianização e deu à festa uma “forma religiosa”, sendo direcionada para a celebração dos dias de santos como Santo Antônio, São João e São Pedro.
O festejo junino, mesmo de origens pagãs, foi adotado e incorporado ao cristianismo a partir do momento em que cristianismo foi reconhecido como a principal religião na Europa. Neste contexto, a festividade foi incluída em datas comemorativas do calendário católico. Essa prática buscava fortalecer a imagem da Igreja Católica e facilitar a conversão de diferentes povos pagãos.
A festa junina e o mês de junho
De acordo com o professor de sociologia Maurício Saliba, os festejos juninos eram realizados na Europa medieval, durante o período de transição da primavera para o verão, momento conhecido como solstício de verão (sendo em junho na Europa).
O ‘solstício de verão’, tem origem do latim ‘sol’ e ‘sistere’, traduzido como ‘parada do sol’. Da posição do sol, dá a impressão de que ele para de se mover no céu. Entretanto, trata-se de um evento astronômico em que a Terra recebe mais luz do sol e, portanto, tem o dia mais longo e a noite mais curta do ano, ressalta o pesquisador.
Para ser preciso, o solstício de verão marca o início do verão no hemisfério norte, incluindo a Europa. Desta forma, em junho, os agricultores europeus reuniram-se para celebrar uma colheita abundante e pedir proteção, explica ainda o pesquisador.
Incapaz de erradicar as festividades juninas, a Igreja Católica adaptou nela características religiosas e continuou usando o mês de junho como o período de festejo em referência as datas comemorativas dos santos mais popular de junho. Primeiro foi São João e São Pedro, e depois, principalmente em Portugal, Santo Antônio”, observa o professor Maurício Saliba.
O Aprimoramento da festa junina
No Brasil, a tradição da festa junina iniciou em meados do século XVI através dos portugueses durante o processo de colonização. Nessa época, a festividade junina já era uma tradição muito popular em Portugal e Espanha e chamava-se Festa Joanina, referindo-se ao São João, mas, como acontecia em junho, o nome foi alterado para Festa Junina, explica o pesquisador.
Fortemente enraizada no nordeste brasileiro, a celebração Junina ganhou uma gastronomia peculiar cujo ingrediente principal ainda é o milho, como pamonia, kulao, pipoca, tortilhas e muito mais. Um adereço incluído também na comemoração foram as famosas bandeirinhas, que inicialmente tinham imagens de santos, mas que foram substituídas pelo acervo de cores.
Então, pouco a pouco, a comemoração junina foi se adaptando aos costumes de nosso país. Um bom exemplo é a quadrilha, que se originou como uma dança aristocrática francesa, mas agora tem uma abordagem mais conterrânea.
O significado dos elementos da festa junina
Ainda na Idade Média era comum que as festas pagãs eram realizadas em torno de fogueiras, sendo uma forma de saudar a chegada do verão e fortalecer a proteção contra os maus espíritos, sendo um costume mantido até os dias de hoje pela igreja, pontua Saliba.
Já em meados do século VI, a Igreja Católica passou a associar essa tradição pagã à data de nascimento de São João. De acordo com historiadores, há uma antiga lenda informando que João nasceu no alto de uma montanha e que uma grande fogueira foi acesa quando sua mãe, Isabel, entrou em trabalho de parto para avisar aos parentes que moravam na planície.
Fonte: aventurasnahistoria.uol.com.br