Henrique VIII governou a Inglaterra de 1509 até sua morte em 1547, período no qual contraiu matrimônio seis vezes com figuras de destaque europeu. No entanto, uma de suas uniões raramente recebe atenção.
Ana de Cleves era filha de João III, Duque de Cleves, e de Maria de Jülich-Berg. Aos 24 anos, ela casou-se com Henrique VIII, que então tinha 48 anos. Vinda de uma influente família protestante, seu casamento com o rei foi resultado de uma aliança política, mas durou pouco. Conheça mais sobre essa personagem que muitas vezes é negligenciada nos registros históricos.
1. Casamento breve com o rei
Ana e Henrique VIII casaram-se em 6 de janeiro de 1540. Contudo, logo após a cerimônia, o rei resolveu que não queria prosseguir com o matrimônio, alegando que não havia conseguido consumá-lo. Em uma versão dos fatos, Henrique afirmou que não sentiu atração por Ana, seja por suas características germânicas ou por uma suposta falta de higiene.
Outra hipótese sugere que Ana teria tido relacionamentos anteriores e talvez até um filho. Ao suspeitar disso, o rei preferiu anular o casamento, sem, no entanto, divulgar esses motivos para preservar a aliança política com a família de Ana. Em julho de 1540, seis meses após o casamento, o matrimônio foi formalmente desfeito.
2. Relação amistosa com as filhas de Henrique
A filha mais velha de Henrique VIII, Maria (do casamento com Catarina de Aragão), tinha fama de não se dar bem com as madrastas, mas se aproximou de Ana, com quem compartilhava uma idade similar. Elas se tornaram tão próximas que Maria chegou a suavizar sua postura contra o protestantismo e ignorar rumores de que Ana conspirava contra ela.
Algo semelhante aconteceu com Isabel, filha mais nova do rei (do casamento com Ana Bolena). Em uma ocasião, Ana teria dito que “ser mãe de Isabel lhe teria trazido mais alegria do que ser rainha.” Se isso foi resultado de um laço por ambas terem sido rejeitadas por Henrique ou por uma proximidade religiosa, é incerto. No entanto, Isabel, ao assumir o trono em 1559, demonstrou um pragmatismo inspirado na madrasta.
3. Retrato de Hans Holbein
Embora Henrique não tenha se sentido atraído por Ana, sua primeira impressão foi positiva. Ao buscar uma esposa para seu quarto casamento, ele pediu ao primeiro-ministro, Thomas Cromwell, que ajudasse na escolha. Cromwell descreveu Ana como bela e “encantadora de rosto e figura”.
Para confirmar, Henrique pediu que o artista Hans Holbein pintasse um retrato de Ana. Impressionado com a pintura, o rei aceitou o casamento com a jovem.
4. Ana foi generosamente recompensada pela aceitação da anulação
Henrique VIII era conhecido por sua impulsividade e tendência à vingança (chegando a mandar executar sua próxima esposa, Catarina Howard, por traição). No entanto, manteve uma relação cordial com Ana, a quem chamou de “Amada Irmã do Rei.”
Dois fatores explicam essa atitude. Primeiro, Ana não contestou a anulação. Segundo, o rei queria preservar a aliança com a família Cleves. Como compensação, Ana recebeu várias propriedades, incluindo o Palácio de Richmond e o Castelo de Hever, além de uma renda anual substancial.
Fonte: Smithsonian, History Hit, History Extra
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