O Concorde começou a operar como avião comercial em 21 de janeiro de 1976. Nesse dia, dois Concordes decolaram em duas rotas inaugurais concomitantemente. Um jato comandado pela Air France partiu do aeroporto de Paris-Charles de Gaulle, parou em Dakar, Senegal para reabastecimento, e seguiu para um pouso final no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Outro jato controlado pela British Airways partiu de Londres para o Bahrein.
As rotas foram escolhidas, pois o Concorde era um projeto conjunto construído por britânicos e franceses. O nome “Concorde”, que significa “união” em francês, foi escolhido devido a uma parceria entre os dois governos e algumas empresas locais.
Os voos inesquecíveis do Concorde
O Concorde é uma aeronave que podia alcançar duas vezes a velocidade do som, cerca de 2.179 km/h. Como resultado, o trajeto Paris – Rio de Janeiro levou metade do tempo de um jato comercial convencional, que demorava 12 horas.
Além disso, graças às suas fuselagens e motores super-resistentes, o avião supersônico podia voar a uma altitude de 18.300 metros (60.000 pés), o suficiente para visualizar a incrível curvatura do Globo Terrestre.
Devido à altitude em que o Concorde voou, houve poucos registros de turbulências ou qualquer dificuldade relacionada ao clima. Aliás, o avião que ia pousar no Rio precisava começar a descer mais ou menos enquanto sobrevoava a Bahia.
A tecnologia do Concorde
O extraordinário desempenho do Concorde também se deve à sua aerodinâmica única, pois possui um design mais pontiagudo e asas triangulares que facilitam o pouso.
O Supersônico possui três dos quatro motores supersônicos capazes de ação reversa, o que também ajuda no pouso.
A maioria das superfícies era coberta com uma tinta branca altamente refletiva para evitar o superaquecimento da estrutura de alumínio. O tratamento de superfície diminuía a temperatura da fuselagem em até 11 graus.
A estrutura da fuselagem era capaz de suportar o enorme atrito com o ar e o barulho ensurdecedor de viajar com o dobro da velocidade do som.
O voo supersônico foi resultado de 12 anos de trabalho de engenheiros britânicos e franceses tentando criar um rival para o Tupolev Tu-144 soviético.
A British Aircraft Corporation (BAC) uniu forças com a Rolls-Royce, a French Aérospatiale e a Société Nationale d’Étude et de Construction de Moteurs d’Aviation (SNECMA). A BAC e a Aérospatiale projetaram e planejaram a aeronave, enquanto a Rolls Royve e a SNECMA foram responsáveis pelas engrenagens de pós-combustão dos motores MK 610.
O Declínio do Concorde na Aviação
Ainda que houvesse duas potências europeias investido na ideia de voar acima da velocidade do som, o Concorde não durou muito. Serviu por 27 anos e fez voos incríveis, mas no final não valeu a pena devido ao alto custo.
O consórcio anglo-francês tentou vender algumas unidades do supersônico ao redor do mundo, mas a reputação negativa do rival Tupolev TU-144, os altos custos operacionais, afastou clientes em potencial.
No auge do Concorde, uma passagem padrão Londres-Nova York custava US$ 10.000, cinco vezes o custo de uma passagem tradicional.
Ao todo, apenas 20 aeronaves foram construídas, com 6 protótipos para desenvolvimento e 14 para uso comercial, metade dos quais foram utilizados em cada país.
O fim das Operações do Concorde
Em 25 de julho de 2000, um Concorde sob controle da Air France colidiu com um hotel perto do aeroporto Charles de Gaulle assim que decolou, matando 109 pessoas a bordo e quatro em terra. O acidente em si não foi ocasionado pelo avião, mas serviu como um aviso.
Após uma investigação minuciosa, concluiu-se que a causa do acidente foi ocasionado por um pedaço de titânio com 40 cm de comprimento e 3 cm de largura, solto na pista de pouso.
Sem enxergar o pedaço de titânio, o piloto passou por cima, que estourou um dos pneus do avião. Com essa ação, os tanques de combustível do Concorde explodiram. O piloto sem espaço para frear, resolveu decolar, mas não deu certo.
Após algumas melhorias no projeto, o jato supersônico voltou aos céus em novembro de 2001, mas o mercado de aviação sofreu mais um golpe: os ataques de 11 de setembro.
Com menos pessoas dispostas a pagar tarifas altas e os custos de manutenção crescentes, em 26 de novembro de 2003, levaram tanto a British Airways quanto a Air France decidiram encerrar a operação de velocidades supersônicas.
O Concorde agora se tornou apenas uma peça de museu, mas o desejo de voar mais rápido que o som não foi esquecido. Fabricantes de todos os tipos, de fabricantes experientes como NASA a Lockheed Martin e recém-chegados como Boom Supersonic, têm trabalhado para tornar as viagens supersônicas viáveis novamente.
Fonte: canaltech.com.br